Vai um ‘sumessum’ aí?

Trechos do delicioso artigo Subordinação vocabular e linguística, escrito por João Serralvo e publicado no OI:

A invasão do inglês em nosso idioma virou moda. Solta a língua das pessoas, que simulam dominar o idioma estrangeiro mais falado no mundo, mas desconhecem o significado dos termos que usam para se exibirem. Esse processo de subordinação já extrapola o âmbito linguístico, espalhando-se pelo comportamento geral. A mídia é a principal responsável pelo esnobismo barato, ao divulgar tais procedimentos como manifestações culturais. O bullying e o rebolation são meros exemplos atuais.

(…)

A triste verdade é que, se os prédios tivessem nomes brasileiros, não venderiam nada. Ninguém quer morar num Jardim Azul, mas caem matando num “Blue Garden”. Semlobbyplaygroundlounge, não dá! É tão chique morar num garden, trabalhar numoffice center… Pode?

Para conversa de vendedor, é beleza. Comprador adora anglicismo. O bobo fica se achando importante, até arrisca um OK! O esnobismo barato de mentalidade cafona, serve para soltar a língua presa e abrir a burra.

Mas, fora a invasão estrangeira, tem muita coisa pra ser arrumada em nossa língua. Ouvi um imbecil dizendo: “Pra que estudá tanto se o presidente nunca estudô?” Será que ele quer seguir o exemplo do Lula? Coitado! Vai se ferrar. Ele tem outros exemplos para seguir, mas a culpa é da mídia, que espalha os vícios da linguagem. A televisão é uma me… merreca. Para ganhar audiência, nivelam tudo por baixo

A mídia ainda respeita a cultura inflacionária do passado; nunca mais deixou de simplificar milhões por “mi”, bilhões por “bi”… E o verbo “acontecer”? Esse substitui qualquer outro. É comum na TV: “A reunião dos diretores acontece nesta quarta”, em vez de “os diretores se reunirão na próxima quarta-feira”. Tem outros micos: “O crime aconteceu na igreja.” Ora, crime se comete ou se pratica, crime não acontece simplesmente, como se não tivesse nenhum agente. Cerimônia se celebra. Programa se apresenta. Comício se realiza. Missa se reza. Assembléia se convoca. Prisão de bandido se efetua. O verbo acontecer deve ser empregado quando não há um agente conhecido: “isto” acontece, “tudo” acontece, “o que” acontece. O professor Napoleão Mendes de Almeida já denunciava e lamentava esse exagero há muito tempo. O pessoal da mídia não lhe fez caso. E continua errando. É mais cômodo, não tem que pensar, escolher verbos.

Artigo deveras interessante! Leitura recomendada!

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